Agricultura Climaticamente Inteligente e Mudanças Climáticas

Reflorestamento de Eucaliptus em Mato Grosso do Sul
Fonte: Dorado, 2023

Sabemos que a agricultura contribui para a mudança climática principalmente por meio da emissão de gases de efeito estufa (GEE), bem como por meio de outros impactos indiretos. As principais formas são as emissões diretas de GEE (principalmente metano e óxido nitroso), desmatamento e
conversão de terras (que também contribuem na redução da biodiversidade), uso de energia fóssil e alterações no uso e gestão do solo. A exata contribuição da agricultura para GEE pode variar dependendo da fonte e da metodologia de cálculo utilizada. No entanto, a agricultura é reconhecida
como uma das principais fontes de emissões de GEE em nível global. De acordo com estimativas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a agricultura é responsável por cerca de 10 a 12% das emissões globais totais de gases de efeito estufa.

Por outro lado, a própria agricultura oferece oportunidades importantes para mitigar essas emissões e promover a resiliência às mudanças climáticas, por meio de adoção de práticas sustentáveis e de baixo carbono. Nesse sentido, a agricultura climaticamente inteligente (ACI) é fundamental para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e garantir a sustentabilidade e a produtividade a longo prazo. Como já é conhecido, as principais práticas para isso são o manejo sustentável do solo, irrigação eficiente, diversificação de culturas, uso de variedades resistentes ao clima, monitoramento e previsão climática, adoção de práticas agroflorestais, uso de energia renovável e manejo integrado de pragas e doenças. Assim, essas estratégias podem ser adotadas para promover uma agricultura mais sustentável e resiliente às mudanças climáticas e, combinadas com as práticas tradicionais, podem ajudar a garantir a segurança alimentar.

ACI tem avançado muito no Brasil nos últimos anos com tecnologia e inovação, manejo sustentável do solo, irrigação de precisão, diversificação, genética e melhoramento de culturas e adaptações às mudanças climáticas. Porém, ainda é necessário o acesso dos pequenos agricultores às tecnologias e
conhecimentos, além de promover políticas públicas que incentivem a ACI no país.

A agricultura brasileira de exportação tem adotado práticas em resposta às mudanças climáticas, embora a extensão e a eficácia dessas práticas possam variar entre os diferentes setores e regiões agrícolas. Porém ainda falta implementar políticas de sustentabilidade em toda a cadeia produtiva,
acesso ao financiamento para investimentos em práticas mais sustentáveis e aumentar a conscientização e capacitação dos agricultores sobre as melhores práticas para enfrentar as mudanças climáticas. A ACI pode ser uma forma de resposta à essas demandas.

Nesse contexto, o setor florestal desempenha um papel crucial na mitigação de GEE e na luta contra as mudanças climáticas. Assim, podemos citar como contribuição do setor a captura e armazenamento de carbono (CCS), o aumento da biodiversidade e polinização, a redução do desmatamento e
degradação florestal, o reflorestamento e restauração de ecossistemas, o fornecimento de recursos naturais, o manejo florestal sustentável, a promoção de energias renováveis e diversificação de paisagem culturais e recreação.

Finalmente, essas contribuições do setor florestal servem também como estratégias e ações para ajustes aos impactos das mudanças climáticas e seus efeitos negativos pela preservação dos serviços ecossistêmicos, ou seja, os benefícios que os ecossistemas fornecem e os serviços ambientais que
impactam diretamente na qualidade de vida e no bem-estar humano.

Bibliografia
www.ipcc.ch, 2024.

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