Ciclo do Carbono
Fonte: GLOBE Carbon Cycle Project, 2010
Atualmente, os compromissos climáticos da COP 25 de Paris, ratificados e ampliados pelas COPs 26 e 27 não são suficientes para alcançar um aquecimento global “bem abaixo de 2ºC”. Eles são muito fracos e colocam o mundo em uma trajetória para cerca de 2,5 a 3ºC de aquecimento global.
Como parte do Acordo de Paris, os países concordaram em revisar individualmente sua contribuição a cada cinco anos. A última rodada de negociações, a 27ª COP no Egito mostrou mais do mesmo. Porém, os dados apresentados descrevem os efeitos das mudanças climáticas com mais precisão. Assim, o aumento da frequência e intensidade desses eventos ameaçam a saúde e a segurança de milhões de pessoas em forma direta pela dificuldade para a produção de alimentos acesso a água potável e incidência de desastres naturais. As conclusões mostram que as temperaturas mais altas levam a mais extremos compostos, ou seja, várias ameaças climáticas ocorrem ao mesmo tempo e no mesmo lugar e repetidas vezes.
Sabemos que a relação entre dióxido de carbono acumulado e aquecimento global é quase linear. Se considerarmos o objetivo da COP (2ºC de aquecimento global) a quantidade máxima de dióxido de carbono é aproximadamente 3.000 Gigatoneladas de dióxido de carbono. Quando alcançarmos essa quantidade não deveríamos emitir mais dióxido de carbono para a atmosfera do que retiramos dela. Isso é “alcançar um equilíbrio neutro de carbono” com “emissões líquidas de carbono zero”.
Nesse contexto, o sequestro, a captura e o armazenamento de CO2 (CCS pela sigla em inglês) apresenta-se como uma alternativa. CCS é a remoção do CO2 proveniente do uso de combustíveis fósseis ou biomassa. Isso evita a acumulação do gás na atmosfera para então transportá-lo para um local de armazenamento para isolá-lo permanentemente do ciclo de carbono atmosférico da Terra, geralmente injetando-o a uma profundidade de vários milhares de metros em um reservatório geológico, como um campo de petróleo ou gás esgotado, ou um aquífero salino. Existem hoje três
famílias de tecnologias de CCS associadas à: i) geração de energia, ii) utilização de CO2, e iii) ao armazenamento geológico. Obviamente, transporte do gás e os custos associados às tecnologias não são uma discussão menor.
Porém, CCS está sendo cada vez mais reconhecido como uma necessidade para manter-se dentro de 2ºC, e de preferência 1,5ºC, de mudança climática, com a expectativa de que as tecnologias de emissão negativa coloquem o “líquido da emissão” em “carbono líquido zero”, para alcançar um equilíbrio neutro de carbono na atmosfera. O carbono líquido zero mudou a expectativa de emissões residuais do CCS. As tecnologias atuais podem realmente alcançar níveis de captura de CO2 na casa dos noventa e até 99%.
O complexo debate em torno das emissões negativas começou há pouco tempo e certamente continuará por vários anos. A realidade apresenta-se pouco animadora. No atual contexto, não alcançaremos os objetivos propostos de redução de 50% das emissões até 2030 e zerar em 2050.
Assim, será necessária a retirada de CO2 da atmosfera para ter, pelo menos, uma chance de sucesso.
Bibliografia
EdinburghX CCSx Climate Change: Carbon Capure and Storage
cop27outcomes_portugues.pdf (laclima.org)