Como já é conhecido, as Taxonomias Verdes (TV) são sistemas de classificação ou padrões de certificação, que avaliam o quão sustentável é um determinado investimento ou projeto (https://lnkd.in/dXnqRz5X). No Brasil, esse conceito está começando a ganhar mais destaque, especialmente com a crescente preocupação com a sustentabilidade e o meio ambiente. A adoção de uma TV tem diversas implicações que podem afetar uma ampla
gama de setores econômicos, ambientais e sociais. Essas implicações podem ser positivas, mas também apresentam desafios que precisam ser gerenciados adequadamente.
Em termos econômicos, a TV pode atrair investidores que buscam projetos sustentáveis, aumentando o fluxo de capital para atividades que promovem a
sustentabilidade ambiental. Os investimentos sustentáveis tendem a ser menos arriscados a longo prazo, especialmente em um cenário de crescente regulação ambiental e mudanças climáticas. Por outro lado, as empresas que adotam práticas sustentáveis podem se tornar mais competitivas, inovando em tecnologias verdes e ganhando vantagens em mercados globais. Também possibilita que as empresas enfrentem custos iniciais para se adequarem aos critérios da Taxonomia Verde, incluindo investimentos em tecnologias mais limpas e mudanças nos processos operacionais. Já em relação às implicações ambientais, a adoção da taxonomia verde promove a redução de emissões de gases de efeito estufa, contribuindo para os objetivos
de mitigação das mudanças climáticas, incentiva práticas que protegem e restauram ecossistemas e a biodiversidade e fomenta o uso eficiente e
sustentável dos recursos naturais, como água, solo e florestas.
Por outro lado, em termos sociais, a adoção de uma TV pode gerar novas oportunidades de emprego em setores como energia renovável, agricultura
sustentável e gestão de resíduos, além de promover a inclusão e o desenvolvimento das comunidades locais e aumentar a conscientização sobre a
importância da sustentabilidade, estimulando mudanças de comportamento em consumidores e empresas.
A TV estabelece padrões claros para a definição de atividades sustentáveis, proporcionando uma base para políticas e regulamentos ambientais, além de
exigir que empresas e instituições financeiras divulguem como suas atividades se alinham com os critérios de sustentabilidade, promovendo maior
transparência. Assim, as empresas precisam garantir conformidade com os critérios definidos, o que pode requerer auditorias e relatórios detalhados.
Porém há desafios para uma implementação eficaz e o monitoramento contínuo são desafios críticos para garantir que os critérios sejam realmente seguidos. Além disso, a harmonização da taxonomia, com padrões internacionais pode ser complexa, especialmente para empresas que operam em múltiplos mercados. Assim, é necessário investir em capacitação para que empresas e investidores compreendam e adotem os critérios da taxonomia verde. Fica claro que a adoção de uma TV traz consigo uma série de implicações significativas que podem transformar a forma como as economias funcionam, incentivando práticas mais sustentáveis e responsáveis. Embora existam desafios a serem superados, os benefícios potenciais para o meio ambiente, a economia e a sociedade são substanciais, tornando essa iniciativa uma peçachave na transição para um futuro mais sustentável.
O Brasil elaborou sua Taxonomia Verde e publicou um Plano de Ação para consulta pública, com o nome de Taxonomia Sustentável Brasileira, com o apoio da cooperação alemã e a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, em setembro de 2023. A Taxonomia Verde Brasileira é um marco importante no esforço do Brasil para promover investimentos sustentáveis e alinhados com os objetivos de proteção ambiental e combate às mudanças climáticas. Essa iniciativa é inspirada por diretrizes internacionais, como a Taxonomia da União Europeia, mas é adaptada às particularidades econômicas, ambientais e sociais do Brasil e representa um passo significativo para direcionar o desenvolvimento econômico do país em direção a um modelo mais sustentável e resiliente.
Com a adoção de critérios claros e robustos, o Brasil pode atrair investimentos que não apenas impulsionem a economia, mas também
promovam a proteção ambiental e o bem-estar social a longo prazo. Já o greenwashing é uma forma de manipulação que não apenas prejudica os
consumidores, mas também retarda o progresso em direção à sustentabilidade real. Combatê-lo requer esforço coletivo de reguladores, empresas e
consumidores informados. Greenwashing é uma prática em que empresas, organizações ou governos promovem uma imagem pública de responsabilidade socioambiental e sustentabilidade, mas na realidade, suas ações não correspondem a essa imagem. Esse termo combina as palavras “green” (verde, relacionado ao ambientalismo) e “whitewashing” (encobrir ou disfarçar).
Basicamente, é uma forma de publicidade enganosa que finge um compromisso ambiental maior do que realmente existe. A taxonomia verde, em sua concepção ideal, é uma ferramenta destinada a combater o greenwashing, não a promovê-lo. No entanto, há preocupações legítimas sobre como ela pode ser implementada e utilizada, que podem influenciar sua eficácia na prevenção do greenwashing. Vamos explorar ambos os lados dessa questão. Por um lado, devem estar claros os critérios técnicos específicos e transparentes para definir o que constitui uma atividade econômica
sustentável e assim reduzir a subjetividade e a possibilidade de empresas se autodeclararem “verdes” sem justificativa. Por outro lado, é importante a
elaboração de relatórios detalhados sobre como as atividades das empresas se alinham com a TV e promovem a transparência que permita aos investidores e reguladores verificar as alegações de sustentabilidade. Fica claro que é fundamental a criação de um padrão unificado que ajude a evitar discrepâncias e inconsistências que podem ser exploradas para greenwashing. Com padrões
claros, é mais difícil para empresas fazerem alegações enganosas. A Taxonomia Verde, se bem desenhada e implementada, pode ser uma
ferramenta poderosa contra o greenwashing, fornecendo uma base sólida para a avaliação de sustentabilidade. No entanto, sua eficácia depende de uma
implementação rigorosa, fiscalização constante e um compromisso real com a transparência e a integridade dos processos. Evidentemente o sucesso da
Taxonomia Verde dependerá muito da seriedade com que todos os envolvidos abordam sua implementação e monitoramento.
Bibliografia
Brasil, 2023. Taxonomia Sustentável Brasileira. Plano de Ação para Consulta
Pública. Secretaria de Planejamento. Ministério da Fazenda: Brasília.
IEAGA https://lnkd.in/dXnqRz5X. 2024